Alma Corinthiana

Poderíamos destacar a superioridade Corinthiana frente à essa adversária de domingo.
Mas isso o leitor poderá encontrar em qualquer lugar; e a superioridade está no número de vitórias frente a elas, gols marcados, torcida...
Torcida, aliás, que existe desde antes de existir a Religião que esta mesma Torcida criou, antes de setembro de 1910.
Com o Cometa Halley, no areião do Bom Retiro.
Nas noites estreladas que Juó Bananere transformou em poesia proseada.
Portanto essa superioridade, que agora tem de ser destacada pela imprensa com um pregador no nariz, não será o tema deste post.

Para se entender o Corinthians, diriam os ancestrais, é preciso ouvir as vozes dos ancestrais dos ancestrais.
Quando um(a) pai/mãe, um(a) tio/tia, um padrinho, uma madrinha, alguém com laço sanguíneo, ou apenas alguém muito importante para você, lhe diz e lhe ensina o que é Corinthians, estará fazendo nada mais nada menos o que fizeram os Primeiros Corinthianos.
Aqueles que se reuniram no areião, a observar o Cometa.
E quando o Cometa traz a mudança, amigos... o mundo de fato muda.
É isto que carrega o Corinthians, que preenche o Coração e que se alastra por todas as células do nosso corpo.
Corinthians é o mundo novo, meus caros. É a Força da Magia que se espalha pelo ar.
O Doutor Sócrates aprendeu isso na marra, hoje é Corinthianíssimo, e com seu intelecto nos demonstra, apaixonada e racionalmente o que é o Conceito Corinthians.



Essas palavras todas valem por todos os gols que ele enfiou na rede adversária, quando eu era apenas um molequinho minúsculo. Pois valem mais que esses gols, que são passageiros; as palavras dão sentido ao que é Corinthians, que é Eterno.
Foi sob aquela aura de Corinthianismo, quando morávamos na Praça Marechal, e íamos a pé para o Templo Sagrado do Pacaembu, eu no cavalinho de meu Pai Gordão, vendo a massa, participando da massa, sendo da massa, que eu compreendi o que é Corinthians. No auge de meus três, quatro, cinco anos...
Graças a São Jorge!

Muitos dizem, com toda a propriedade, que Corinthians não se explica; Corinthians se sente.
Isso define muito. O que quero demonstrar aqui, no entanto, é que dessa Força, desse sentimento, podemos ir além até dessa definição.
É importante lembrarmos do Cometa. Tolos, tanto quanto anticorintianos são tolos, são os que acham que cometas trazem desgraças. Não; os Cometas de verdade trazem bençãos, trazem o novo. Já dissemos isso. Essa benção é a força motriz da mudança.
O mundo, porém, irá criar suas forças conservadoras para que essa mudança seja barrada.
É nesse sentido, então, que falamos de Corinthianismo e anticorintianismo. Tem mais a ver com opostos naturais, como ação e repouso, absoluto e relativo, permanente e efêmero, que com aquelas divisões maniqueístas como certo e errado, bem e mal. Até porque é evidente que o certo e o bem tem de ser Corinthians.

Quando o pessoal do Bom Retiro, em maio de 1910, se imbuiu da luz do Cometa, criaram o Corinthians sem ao menos saberem que estavam criando algo tão Gigantesco.
No começo eram apenas alguns.
Mas a luz do Cometa é transcendente, e em poucos meses o clube já estava ali, sem nem ao menos ter nome, sede, campo, camisa, bola...
Havia "apenas" a Alma.
Aconteceram reuniões para que fosse criado o Corpo daquele Gigante. O nome, a ata, o chapéu que foi passado para que o primeiro aluguel do terreno fosse pago. Tudo foi acontecendo com o trabalho iluminado pelo Cometa, como formigas que trabalham incessantemente. Pelo Corinthians, com muito Amor.
Esse Amor gerou a inveja. Quando surgia o Corinthians com todo seu Amor, surgia o anticorintianismo, essa praga que carrega nada além de raiva, inveja, ódio. Pobres almas doentias.

É nesse sentido todo que descrevemos, que afirmamos categoricamente: não faz sentido falar sobre a superioridade 'numérica' (e é por não fazer sentido que a abutraiada fala...).
Faz sentido, sim, falarmos da Alma Corinthiana.
Não à toa essa Alma permaneceu latente por mais de vinte anos. A provação fez sentido na medida em que ela cresceu. Se tornou maior, mais forte.

Em 1977, mais precisamente em maio, o Senhor Manuel Nunes, o Neco, o Símbolo Corinthiano, faleceu, aos 82 anos. A Âncora Corinthiana, o formador da Alma por excelência, via os 67 anos de Corinthians encerrarem um ciclo.
Vitórias, aprendia definitivamente a Alma, são efemérides. Passávamos à provação da derrota, do sofrimento. E no fim desse sofrimento, o Santo Neco deixou este mundo.
Não obstante, com o ciclo encerrado, veio, no final deste mesmo ano de 1977, a Vitória cuja efeméride causa espanto e inveja (ê, anticorintianada...). A Redenção.
As efemérides ficam, sim. Mas podem ser esquecidas, guardadas em um museu, largadas em um memorial, se não houver a Alma.

E o Corinthians é aquele que foi, antes de ser, puramente Alma.
Entendam, caríssimos: antes de ser Corinthians, havia Alma.
O Corinthians é consequência da Alma.
Efemérides não nos bastam. Basta a nós a Alma.

É Alma que queremos ver no Templo Sagrado do Pacaembu, neste domingo.

AQUI É CORINTHIANS!!!